Capítulo: Quebra Cabeça Espiritual
Trecho do livro: “Deus na Equação!” de autoria de HAntonio
(Blog do HAntonio)
Imagino que nossa jornada de aprendizagens na vida seja como a montagem de um quebra-cabeças. Nossas aprendizagens são como peças desse quebra-cabeça. Aos poucos, vamos colocando uma peça aqui, outra acolá; são aprendizagens que vamos recebendo e integrando em nossas jornadas. As formas e contextos das aprendizagens, assim como das peças, são diferentes entre si, tem contornos e formatos, durações e intensidades diferentes; algumas podem até parecer similares, mas são diferentes, e todas elas, sem exceção, têm seu ponto de encaixe no quebra-cabeças.
Algumas pessoas ainda nem começaram juntar as peças de seus quebra-cabeças; estão com peças dispersas aqui e acolá e nem notaram que podem montá-lo. Outras perceberam que nada acontece ao acaso e que elas têm responsabilidades por suas escolhas e, de alguma forma, começaram a posicionar suas peças conscientemente, mesmo que as ‘peças’ ainda sejam poucas. Algumas pessoas começam pelo meio, outras por um ou outro extremo, ou por uma posição qualquer. Aos poucos, começam a perceber alguns encaixes e começam a ficar animadas, achando que conseguiram muito; mas, em algum ponto ficam meio que estagnadas, por um tempo. Depois de certo tempo, retomam a sua coleta de ‘peças-aprendizagens’ e vão colocando mais uma peça aqui e outra acolá.
Em algum momento, percebem que todas as peças, mesmo as que preferiríamos que fossem esquecidas devem ganhar encaixe em nosso quebra-cabeças; mesmo que pareçam estar em regiões distantes de nossas vidas. Mas elas fazem parte de nosso quebra-cabeça e devem receber alguma luz e não serem ignoradas. Penso que essa luz, em alguns dos casos, possa vir de arrependimentos verdadeiros e sinceros que possibilitam a substituição de lembranças sombrias que podemos ainda estar carregando escondidas nas profundezas de nossas almas, mas que podem ser substituídas pela luz de Deus. Para tal, não há uma fórmula única, mas intuo que soluções tornem-se mais viáveis, quando colocamos Deus em nossas vidas. Isso pode ocorrer de algumas maneiras distintas, mas o básico é que coloquemos nossas forças, nosso amor e nossa alma em ação. Uma das formas de transmutação da nossa energia ‘sombria‘ em energia luminosa, é uma forma que penso ser simples e eficaz: declarando claramente nosso arrependimento a Jesus. Creio que ‘entregar‘ a ele a verdade é o caminho!
Mas, graças a Deus, nosso ‘quebra-cabeças’ também terá as peças belas e agradáveis, das quais apreciamos lembrar. E aí reside um outro meio de trazermos luz às nossas vidas, é quando estamos fazendo o bem, ou estamos sendo tocados pelo bem. De fato, quando nos sintonizamos com o ‘bem’, entramos em sintonia com Deus; de alguma maneira isso acontece, pois o bem sempre está em consonância com as leis de Deus, mesmo que as ‘traduções dessas leis’ não sigam o padrão a que estávamos acostumados ou estejam fora dos padrões que nossa educação preconiza. Mas Deus vai além das ‘aparências” ou dos “padrões” colocados pelo homem; a linguagem de Deus é a linguagem que sempre proporciona o bem. Deus é bondade, sempre! Talvez por isso, Marcos em seu evangelho, lembra a fala de Jesus com João, quando este disse a Jesus que “eles haviam encontrado um homem expulsando demônios e que o havia proibido de fazer isso, pois ele não era um deles, que não nos segue”*. Neste Ponto Jesus repreende João, dizendo aos discípulos que eles não deviam proibir aqueles que estavam fazendo o bem. Que aquele que faz o bem não é contra Deus, mas sim, está a favor Dele. Na prática, quem está fazendo o bem, de alguma forma, está expressando a bondade de Deus.
O fato é que, em nossa jornada, de tempos em tempos, novas ‘peças’ se apresentam, algumas agradáveis e de assimilação imediata; outras nem tanto e leva um tempinho para percebermos onde e como encaixá-las.
Um fato comum é que, por vezes, ficamos totalmente focados numa das peças e nos esquecemos do que sustenta a sincronia que contribui para a montagem do nosso ‘quebra-cabeças’. Penso que a fé e o amor a Deus são atributos fundamentais neste processo.
Quanto mais alguém fica concentrado nas formas e moldes de uma peça, menos a pessoa vê o todo e menos percebe a essência divina dos momentos vividos.
Uma constatação é que, para haver o encaixe, a visão tem que ser de cima. Ver de cima é algo novo para nós, que estamos acostumados a pisar no chão e a ficar naquele plano, naquele nível. Para ver de cima temos que nos ‘desapegar’ do chão que estamos pisando; temos que ‘voar’ um pouco, e ainda não aprendemos a fazer isso sozinhos. Então, de tempos em tempos, somos ‘levantados’ e ‘ajudados’, como uma criança pequena, que nem em pé ainda consegue ficar, mas que é levantada por sua mãe quando a leva ao colo. Sinto que isso é o que acontece quando conseguimos ver além do nível que ‘pisamos’, ‘acima’ do chão a que estamos acostumados a tomar como nossa base.
Só então, conseguimos ter uma vaga noção do todo, que só é percebido por quem enxerga de cima. Quando começamos a nos levantar – espiritualmente, ativamos o modo aprendizagem e principiamos a nossa verdadeira jornada espiritual, a qual nos conduz a termos uma noção do todo. Penso que seja durante essa jornada que começamos a perceber mais claramente a presença de Deus e como a essência divina em nossas vidas flui por meio das ‘peças’. Assim, ao percebermos como elas se encaixam, começamos a entender como se dá o fluxo de energia divina. Essa percepção nos ajuda a acolhermos as bênçãos de Deus que fluem constantemente em nossas vidas, mas que tão pouco aproveitamos.
E então, começamos a entender que as ‘peças’, com formatos e aparências distintas entre si, fazem parte de um todo mais amplo e percebemos que elas fazem parte de um único ‘quebra-cabeças’; que elas não são separadas ou desconexas. Muito pelo contrário, quando separadas e desconexas entre si, elas perdem o sentido e o fluir da vitalidade divina deixa de ocorrer.
Na maior parte das vezes e para a maior parte das pessoas, ainda há o foco em alguma área específica, como uma linha religiosa, ou uma linha das ciências, ou das artes, ou dos esportes, etc. Cada uma destas correntes com fluxos de pensamentos e sentimentos aparentemente desconexos e, aparentemente, divergentes são em verdade partes de áreas que juntas, formam uma subárea, que juntas compõem uma área maior, mas mesmo tais correntes são formadas por um subconjunto de peças; assim como as subáreas que começam a se encaixar e formar um conjunto mais amplo.
Algumas pessoas começam a encontrar peças de duas ou três áreas que aparentam estar em regiões distantes entre si no quebra-cabeças. São subáreas que ainda estão separadas; mas é questão de tempo que sejam conectadas por meio de outras peças que produzirão o encaixe, unindo as áreas antes separadas; mas que passarão a se entrelaçar e passarão a dar vida a um conjunto maior. Assim, as subáreas, antes separadas, passam a fazer parte de um algo maior, que só pode ser percebido por quem vê de cima.
Essa analogia, que tentei explicitar em palavras, nasceu depois que tive uma intuição, em meditação com a Imaculada Mãe Maria. Foi como se ela me mostrasse que as várias aprendizagens que eu havia recebido no decorrer de minha vida faziam parte de um único conjunto; que eu não tinha que ficar preocupado em entender as formas e os moldes de cada uma daquelas peças separadamente; que os formatos eram únicos e distintos entre si, mas que o encaixe deles é que era importante. Não ficar preocupado com o que fazer com uma ou mais peças que foram colocadas muito tempo atrás, que naquela época aparentavam ser ‘tudo’ que eu conseguia fazer ou entender, ou crer e que com o tempo, aparentemente, deixaram de ter relevância em minha vida.
A mensagem é de que eu entendesse que cada ‘parte’ tinha sido e é parte do conjunto e que ainda há muitas peças e mesmo novas áreas que eu ainda descobrirei, as quais eu ainda não imagino que existam; algumas delas podendo nem estar próximas dessas que hoje eu consigo ver. Que isso não devia ser motivo de temor, pois se eu permanecer com Deus no meu coração, será Ele que guiará minha caminhada e ajudas e então, proteções sempre estariam presentes em minha jornada. Que é isso o que ocorre com todos que o amam.
A relação com Deus, o entendimento de Deus; a prática da espiritualidade de acordo com uma ou outra religião, ou com uma ou outra filosofia; a combinação que, de formas diferentes em momentos diferentes, aconteceram em minha vida, de fato me trouxeram para onde estou hoje.
De alguma forma, tudo aquilo compôs o conjunto de minha vida hoje; e o fato de, algumas vezes avançar e outras retroceder não deveria ser razão de análise agora e, de alguma forma, talvez nunca venha a ser objeto de minha análise; isso foi o que eu intuí.
O que valia a pena ser observado era que o fato de eu experimentar avanço tanto na área espiritual, quanto na área científica e filosófica etc.; que tudo aquilo não foi tão espontâneo assim. Que eu deveria enxergar aquilo como o exemplo da criança sendo levada ao colo. Que, de fato, era como eu ter sido ‘colocado no colo’ e ‘levantado’, para enxergar algumas coisinhas aqui e acolá, e então ir encaixando algumas peças; e que isso acontece para todo mundo; só que não ao mesmo tempo, e nem de maneira igual entre as pessoas, mas que isso decorre naturalmente de acordo com o fluxo de vida de cada um.
O importante, e este é o cerne da mensagem, é que nós não devemos nos ater às formas e moldes, mas à essência do que estamos aprendendo e vivenciando em cada fase da vida e em cada área de aprendizagem que vamos experimentando. Que quando conseguimos absorver e experimentar a essência de alguma das subáreas e conseguimos a ‘aprendizagem’ que era requerida para nós naquela subárea, os frutos nascidos daquela aprendizagem estarão à nossa disposição. Quando isso acontece, funciona como se aquela área toda fosse ‘iluminada’ e revelada e, magicamente, as peças daquele subgrupo tivessem se encaixado. Funciona assim também para um passarinho, que não precisa ficar pulando de galho em galho ou tocando todas as folhas de uma árvore, para experimentar o prazer de estar em uma árvore e usufruir daquela experiência.
Traduzindo, intuo que seria como, para alguns, na subárea da religiosidade, uma única religião fosse o suficiente para elas absorverem o que elas precisavam; que aquelas pessoas não precisariam entrar em todas as religiões e estudarem cada uma delas e se dedicarem a cada uma delas para que a área da religiosidade ficasse coberta e aquela parte do ‘quebra-cabeças’ fosse completada; do mesmo modo com as ciências; que alguém não precisaria estudar tudo, em todas as áreas científicas, para então absorver a essência que a pessoa deveria assimilar e experimentar; o mesmo com as artes em que a pessoa não precisaria conhecer e adentrar todas as modalidades artísticas; ou com a área dos esportes, em que a pessoa não precisaria entrar em todas as modalidades esportivas para absorver a essência ou benefício daquele subgrupo; e assim com tudo o mais.
Contextualizando a nossa sociedade atual, seria como se através de uma determinada filosofia ou religião ou de um conjunto de valores, a essência da companhia de Deus possa ser experimentada, não pela forma ou molde daquela religião, filosofia ou valor, mas pela essência vivida e absorvida quando dedicamos nosso tempo e energia à aprendizagem da religião, filosofia ou valor. Do mesmo modo, acontece com todas as outras subáreas.
Assim, não é de estranhar que quem pode vir a chancelar a importância da religiosidade no mundo seja a ciência; e que quem pode vir a chancelar a importância das ciências em nossas vidas, seja a espiritualidade. E esse é apenas um exemplo das revelações que podemos começar a ter quando avançarmos um pouco mais em nossa jornada de vida, agregando novas aprendizagens e estabelecendo pontes entre áreas que se encontram, aparentemente, ainda separadas.
* Evangelho de Marcos: versículo 38 a 43
Capítulo: Quebra Cabeça Espiritual
Trecho do livro: “Deus na Equação!” de autoria de HAntonio
Publicado no Blog do HAntonio (hantonio.com)
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