Capítulo: Falsos Conceitos gerando Falsos Valores

Capítulo: Falsos Conceitos gerando Falsos Valores
Trecho do livro: “Deus na Equação!” de autoria de HAntonio
(Blog do HAntonio)

Tendo como base a razão, estamos habituados a acatar conceitos e a partir do entendimento dos mesmos os aplicarmos em nossas realidades, de uma maneira ou outra.

Este é um fato corriqueiro nas vidas das pessoas. Recebemos novos “inputs” de informações a cada segundo. Como há o hábito de se racionalizar, estas informações são “processadas” por nossos intelectos da maneira como estamos treinados a fazê-lo, racionalmente. A partir daí estabelecemos referências, objetivos e estratégias que, de algum modo, buscam implementar aquelas informações processadas por nós.

Normalmente, muitos conceitos são aceitos sem a percepção ou clareza de contextos que os envolvem e, com o tempo, passamos a buscar ‘confirmações’ para aqueles conceitos.

A avaliação dos conceitos nem sempre segue um padrão mais amplo ou universalista e, algumas vezes, há a influência de outros ‘conceitos preconcebidos’, os quais podemos chamar de preconceitos. Quando isso ocorre, restringimos a amplitude que certos conhecimentos, situações e informações poderiam nos apresentar. Mesmo a fé pode ser afetada por tais ‘autorrestrições’, as quais podem inibir nossa própria relação com Deus.

Geralmente há a tendência de se limitar e trabalhar com os conceitos dentro de realidades às quais estamos habituados. Isto nos expõe a um erro que pode ser significativamente prejudicial. Não raras vezes, baseamos nosso entendimento em conceitos “restritos e limitados”, que por preguiça mental ou por serem atraentes e confortáveis a nós naquele momento ou pelo fato de ser tão comum sua aceitação pela maioria, não os questionamos e não procuramos ver com um foco mais amplo ou buscando um horizonte mais abrangente. Quando isso ocorre, há a tendência de nos fecharmos a outras possibilidades, além das que estão constritas nos limites que pensamos ser os aceitáveis para nós. Isso pode até não nos gerar grandes problemas, até o momento no qual, quem quer nos levar para além da nossa zona de conforto é, ninguém menos que Deus.
A estes momentos devemos estar atentos, pois são neles que surgirão oportunidades ‘únicas’ de darmos verdadeiros saltos espirituais em nossa jornada, saltos que podem mudar a direção que estávamos dando a nossas vidas. Um exemplo, talvez um pouco ‘radical’ para nós seres humanos normais é o que aconteceu com Paulo, na entrada de Damasco, quando, após a ‘experiência’ que teve, de ‘perseguidor de cristãos’ ele se transforma em um missionário de Cristo, referência a todos os cristãos do mundo. 

Mas, voltando ao no nível humano ‘normal’, o hábito de levar em consideração conceitos como instrumentos ou referências para nossas decisões e escolhas leva a pessoa a gerar valores baseados naqueles conceitos. Muitas vezes, valores falsos e sem consistência passam a dirigir as decisões e escolhas que fazemos.

Ao incorporar falsos valores, influenciamos nossas atitudes, pensamentos, sentimentos e emoções. A partir deste ponto, os sonhos, metas, estratégias, dedicação e mesmo sua ‘missão de vida’ são alimentados e guiados por estes falsos valores.   

Quando estes conceitos falsos ou baseados em realidades distorcidas, artificiais ou temporárias geram valores, há a tendência de acabarem aceitos pela sociedade. Assim, mesmo equivocados, tais valores ganham força e, com o tempo, ganham o status de paradigmas, mesmo estando totalmente fora de um contexto mais integral ou humano-espiritual. A partir de certo momento, não são mais questionados e, pior, quem toma atitudes fora daqueles preceitos é considerado um “estranho” que passa a ser cada vez menos escutado.

A partir daí uma série de ocorrências pode ganhar corpo:

– Esforços imensos podem ser despendidos na busca de algum objetivo, que, na verdade, com uma visão mais ampla, não significaria nada para a pessoa;

– Questionamentos de capacidade passam a existir, simplesmente por certas referências serem consideradas fundamentais, quando na verdade não deveriam ser.

– Preocupação indevida pode se apresentar, pelo hábito de preocupar-se ou por confundir responsabilidade com preocupação. Muitas vezes essas preocupações surgem de “ouvir outros falarem”, o que muitas das vezes é inconsistente e sem fundamentação alguma;

– Sentimentos de insegurança, despreparo, de aborrecimento, de decepção ou de humilhação podem surgir. 

Tudo simplesmente pelo fato de estarmos levando em consideração conceitos, que, em verdade, não são verdadeiros, absolutos ou definitivos.

Esses são apenas alguns exemplos; o fato é que falsos valores podem surgir desde um ‘bullying’ nos bancos escolares, que prejudica e distorce personalidades – tanto para quem o comete, quanto para quem sofre a sua ação, até escolhas baseadas unicamente na busca de resultados financeiros.

Isso tudo pode ocasionar distorções e prejuízos imensos para todos os envolvidos no processo. Pode levar uma pessoa, uma organização, ou mesmo um país inteiro, a seguir um caminho que nada tem a ver com sua natureza.

Para evitar que esse tipo de ocorrências ganhe corpo, de alguma maneira, devemos dar atenção especial para com os conceitos que consideramos tão normais que nunca consideramos questioná-los ou imaginar que exista “vida” em outras possibilidades ou conceitos. Entender os contextos de quem apregoa certos conceitos e toma certas atitudes nos ajuda a não sermos tão afetados por fatores que em verdade não teriam a importância que é dada a eles.

Seja o hábito de ‘consumir’ e ‘substituir’ bens – que provoca hábitos consumistas e cria necessidades que vão muito além das que seriam as reais necessidades. Seja o hábito de assistir noticiário televisivo logo ao amanhecer, ou seja sorrir com brincadeiras e piadas ofensivas apenas para sentir-se socialmente aceito, sejam tais ‘brincadeiras’ ou ‘piadas’ direcionadas a governantes, a pessoas comuns ou pertencentes a grupos específicos, ou mesmo direcionadas a coleguinhas de escola. Tudo isso pode ser facilmente evitado com um pouco de educação, seja de crianças, seja de adultos.

Ampliar nossa capacidade de ver e entender, percebendo e entendendo o universo em que vivemos, e não nos deixar influenciar pelas ‘ondas’ predominantes se faz necessário, por mais que seguir as ondas seja o caminho mais fácil de ser considerado ‘legal’ e ‘aceito’ pelos outros. Particularmente, sinto que uma ‘bússola natural’ que temos à nossa disposição, que nos ajuda a trazer luz e motivação às nossas atitudes e escolhas é a fé. Sim, a fé! Intuo que a fé, de alguma maneira, ajuda no despertar de virtudes que poderiam permanecer adormecidas em nós. O simples despertar de certas virtudes – divinas e genuínas, nos ajudam na sintonia com valores mais elevados e genuínos.

A busca por um mundo melhor e mais harmonioso exige de nós escolhas e estas passam pelos conceitos que alimentam nossas almas e se traduzem no que é valorizado por nós, ou seja, pelos valores que estabelecemos como referências em nossas vidas. 

A responsabilidade é nossa; de cada um de nós. Seja a escolha aderir a certos conceitos ou rechaçá-los, seja sendo omissos ou tomando atitudes. Uma coisa é certa: não poderemos, simplesmente, ‘apontar’ o dedo para culpados e pensar que isso nos dará paz de espírito, pois não dará.

Assim como Paulo que, ao ter a ‘experiência’ nos portões de Damasco, despertou a fé em sua vida e não mais relutou um único segundo no que deveria fazer a partir daquele despertar; penso que, do mesmo modo, todos nós temos algumas ‘experiências-oportunidades’ para experimentar o despertar. Como lidamos com elas é que determina não só o caminho que seguimos, mas também, como nos portamos durante a caminhada. Que o caminho seja aquele do bem, e de acordo com as referências de Deus.

Capítulo: Falsos Conceitos gerando Falsos Valores
Trecho do livro: “Deus na Equação!” de autoria de HAntonio
Publicado no Blog do HAntonio (hantonio.com)

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